quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Embrapa Amapá realiza curso em piscicultura no Bailique





Um grupo de 40 pescadores do distrito do Bailique (Macapá) participa de um curso de salga e defumação e de piscicultura com técnicas de manejo, sanidade e alimentação, ministrado por pesquisadores da Embrapa Amapá e da Embrapa Pantanal, durante este final de semana. Levando na babagem equipamentos e materiais de trabalho como defumador, aventais, toucas e ração para peixes, os técnicos embarcaram na madrugada da última sexta-feira, 4/12, com destino ao arquipélago localizado na costa do estado do Amapá. O retorno para Macapá está previsto para a noite desta segunda-feira, 7/12.
O atendimento às necessidades de acompanhamento tecnológico em práticas de piscicultura foi solicitado à Embrapa pela Colônia de Pescadores Z-5 do Bailique. A sede da Colônia, onde estão alojados os pesquisadores da Embrapa Amapá, fica na comunidade do Franquinho, uma das 38 comunidades do arquipélago formado de oito ilhas. Inicialmente os pesquisadores fizeram uma vista de prospecção em julho deste ano, com a finalidade de verificar de perto o ambiente e propor alternativas de tecnologias à escassez do pescado que vem se acentuando nos últimos 20 anos.
O pesquisador Cesar Santos, que esteve na visita técnica em julho, disse que a principal demanda de orientação técnica encaminhada pela comunidade pesqueira do Bailique para ser atendida este ano é este curso ofertado neste final de semana, viabilizado com recursos de uma emenda parlamentar da deputada federal Janete Capiberibe (PSB/AP) voltada para o fortalecimento das atividades de aquicultura e pesca da Embrapa Amapá.
Participaram deste curso como instrutores os pesquisadores Marcos Dias Tavares (sanidade de peixes), Eliane Tie Oba Yoshioka (nutrição e alimentação de peixes) e Cesar Santos (bioecologia de peixes), da Embrapa Amapá, e duas pesquisadoras vinculadas à Embrapa Pantanal, Ádina Delben e Jovana Garbelini.
Atualmente, a Colônia de Pescadores Z-5 congrega 1.700 associados, o que corresponde a 60% da força de trabalho da região do Bailique, conforme dados do presidente da entidade, Rubem Rocha. A tradição pesqueira marítima do distrito vem se enfraquecendo nas duas últimas décadas, ocorrendo baixa da produção por vários motivos. Um dos motivos, observa Rocha, é o método da captura, cujo impacto no meio ambiente é grande e resultou na redução dos estoques de peixes em todo o país. Rubem Rocha citou como aspectos favoráveis à aquicultura no Bailique o próprio ambiente de arquipélago, abundância de água de boa qualidade, o clima e a localização geográfica, na foz do rio Amazonas com proximidade ao Oceano Atlântico.
O arquipélago Bailique é bonito por natureza, as imagens que correm o mundo revelam a diversidade da vegetação e da fauna e a exuberância dos açaizais que garantem a alimentação da população local e parte da demanda de consumo de açaí em Macapá. Mas a riqueza do Bailique também é feita de pessoas, são cerca de sete mil habitantes que vivem em 38 comunidades onde as casas têm o privilégio de possuir o Rio Amazonas como quintal da frente.
A maioria da população pratica a pesca como atividade econômica, ou seja, além de contar com a fartura dos peixes para alimentar a família, também garante renda com a venda do excedente. A área do arquipélago é de 1.700 quilômetros quadrados, incluindo água e continente. De Macapá, são cerca de 10 a 12 horas de viagem pelo rio Amazonas, para concluir o percurso de
185 km. Sua localização nas proximidades do Atlântico faz com que o nível da água do rio no Bailique tenha influência direta das marés e as ilhas crescem a cada ano, segundo especialistas que estudam a costa do Amapá.


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Dulcivânia Freitas
Jornalista (DRT/PB 1.063)
(96) 4009-9511/9902-9959
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