IDENTIDADES CULTURAIS INDÍGENAS WAJÃPI DO AMAPÁ

ARTIGO: Claudionor dos Santos

A Formação da Territorialidade dos povos indígenas e sua identificação.

Santos (2005) comenta quando os colonizadores europeus chegaram ao território brasileiro em 1500, estima-se que as sociedades indígenas compunham uma população total de dois milhões de indivíduos. Hoje, existem no Brasil cerca de 355 mil indivíduos pertencentes a 210 etnias com 200 línguas e dialetos, ocupando 11% do território brasileiro. Nesse número estão incluídos também os indígenas miscigenados que já perderam boa parte de seus padrões culturais originais.
O primeiro contato entre índios e portugueses em 1500 foi de muita estranheza para ambas as partes. As duas culturas eram muito diferentes e pertenciam a mundos completamente distintos. Sabe muito sobre os índios que viviam naquela época, graças a escrivão da expedição de Pedro Álvares Cabral e também aos documentos deixados pelos padres jesuítas.
Os Wajãpi do Amapá são, atualmente, 670 pessoas, distribuídas entre 48 aldeias. Constituem um grupo remanescente de um povo outrora muito mais numeroso, subdivididos em vários grupos independentes e cuja população total foi estimada em cerca de seis mil pessoas no começo de século XIX. Esta etnia tem origem em um complexo cultural maior, de tradição e língua tupi-guarani, hoje representado por diversos povos, distribuído entre vários estados do Brasil e países adjacentes. Até o século XVII, os Wajãpi viviam ao sul do rio Amazonas, numa região próxima da área até hoje ocupada pelos Asurini, Araweté e outros, todos falantes de variantes dessa mesma família lingüística. Mantém-se uma conexão historicamente importante com os grupos Wajãpi e Emerillon (ou Teko), que vivem na Guiana Francesa, e com os Zo é do norte do Pará, com os quais os Wajãpi do Amapá compartilham algumas tradições (GALLOIS, 2002).
No entanto sendo da mesma família lingüística, nem todas as línguas são bem compreendidas por estes grupos indígenas, juntamente por expressarem umas evoluções históricas e modernas e os modos de vidas e as tradições dos Wajãpi do Amapá são totalmente diferentes dos que vivem na Guiana Francesa.
Historicamente, o território Wajãpi estendia-se do rio Jarí ao rio Araguari, limitado ao sul pelo alto Iratapuru e ao norte pelos rios Oiapoque e Camopi, margem francesa. Nessa região mantiveram contatos intermitentes com diversas frentes cabanos, extrativistas, colonos desde o início do século XIX. Mas só passaram a conviver mais diretamente com não-índios no final da década de 60, quando foram encontrados por ‘gateiros’ e garimpeiros que viveram em suas aldeias e alastraram epidemias, provocando uma dizimação considerável entre vários subgrupos wajãpi, alguns deles inclusive hoje extintos (SANTOS, 2005).