Brasília, 11/05/2012 – Cinco anos após as mulheres vítimas de escalpelamento saírem do anonimato, quando participaram da II Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres e a deputada federal Janete Capiberibe (PSB/AP) apresentou o projeto que se tornou a Lei 11.970/2009 (que torna obrigatória a proteção no volante e eixo das embarcações como forma de prevenir e erradicar os acidentes ribeirinhos com escalpelamento), acontece no Amapá o maior mutirão de cirurgias plásticas reparadoras já realizado no país.
Com recursos do Governo do Estado do Amapá e convênio com a Defensoria Pública da União (DPU) e Sociedade Brasileira de Cirurgias Plásticas (SBCP), 62 pacientes estão sendo operados: 60 mulheres e dois homens, todos adultos. Além destes, cinco crianças receberão tratamento custeado pelo Governo do Estado, em convênio com a DPU e SBCP, no Estado de São Paulo.
Os médicos, todos voluntários, trabalham sem cobrar pelos procedimentos. O custo das cirurgias, transporte, hospedagem e alimentação dos pacientes e seus acompanhantes e dos médicos está sendo pago pelo Governo do Estado do Amapá, através das Secretarias de Saúde e de Inclusão e Mobilização Social.
As cirurgias acontecem dias 11 e 12, em quatro centros cirúrgicos no Hospital São Camilo e três no Hospital Alberto Lima, com equipe de apoio, enfermagem, instrumentadores e médicos anestesistas. Dia 13, a equipe fará visitas médicas aos pacientes.
No Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) foram realizados atendimentos ambulatoriais e preparativos para as cirurgias, como as consultas pré-operatória e anestésica e acompanhamento por equipe multidisciplinar. O pós-operatório será monitorado por psicólogas e médicos durante o período de recuperação, além de atividades na Casa de Acolhimento realizadas pela equipe técnica da Secretaria de Saúde chamada “Libélulas”.
Na quinta, 10, o governador Camilo Capiberibe recebeu os 41 médicos da SBCP, além dos oito anestesistas, sendo cinco do Amapá, e um neurologista, a defensora pública Luciene Strada, a presidenta da Associação das Mulheres Ribeirinhas Vítimas de Escalpelamento da Amazônia Rosinete Serrão e a deputada federal Janete Capiberibe no Palácio do Setentrião.
Dignidade - “Esta é uma ação ousada na área da saúde. É uma demonstração que a saúde está superando as dificuldades que o atual governo herdou, que a saúde está melhorando”, afirmou a deputada Janete, para quem o mutirão de cirurgias reparadoras “devolve a autoestima às pessoas que foram vítimas. É um compromisso do governador Camilo que se realiza”, disse ela em discurso no plenário da Câmara dos Deputados.
A defensora Luciane Strada, que desde 2005 atua para o resgate das mulheres vítimas de acidentes ribeirinhos com escalpelamento, disse estar satisfeita com a ação realizada no Amapá. Para ela, o compromisso do Governo do Estado foi decisivo para realizar o mutirão, o que não ocorreu na gestão passada. “Este mutirão foi o maior e melhor estruturado que realizamos na região Norte. A estrutura física e a equipe médica mostram que podem ir além, no sentido de viabilizar outros projetos”.
Rosinete Serrão lembrou que a avaliação e as cirurgias já estavam sendo esperadas há muitos anos. “O mutirão mostra o compromisso do governador Camilo e da deputada federal Janete Capiberibe com a melhoria da qualidade de vida e dignidade das mulheres que sofreram deformações com escalpelamento. As intervenções cirúrgicas vão reparar a estética das pessoas e os danos causados nesse desastre fluvial”.
Erradicação – Por conta da obrigatoriedade da cobertura a partir da Lei 11.970/2009 e das campanhas de prevenção realizadas pela Marinha do Brasil junto com o Governo do Estado, desde 2011 não acontece nenhum acidente ribeirinho com escalpelamento no Amapá.
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