Segundo estimativas do Banco Central (BC), metade do montante de moedas em circulação no Brasil — cerca de 6 bilhões, o equivalente a R$ 1 bilhão — está guardada ou esquecida em cofrinhos, gavetas e cantos das casas, para desespero de quem precisa dar troco.
A ausência de moedinhas de R$ 0,05 e R$ 0,10 no caixa é o pesadelo dos comerciantes e dos cobradores de ônibus. No final de 2008, o Banco Central encaminhou ao Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setap) três toneladas de moedas de R$ 0,05. Todas as moedas já foram utilizadas mas a população insiste em não fazer circular o dinheiro.
Para Renivaldo Costa, assessor do Setap, a falta de troco é muito mais uma questão cultural do que de emissão de dinheiro. “Por causa da estabilidade da economia e da resistência dos brasileiros em manipular o metal, as moedas ficam guardadas ou acabam se perdendo, fazendo falta no comércio e no transporte coletivo”, afirma o assessor.
Renivaldo Costa disse que em contato com o Banco Central, obteve a informação de que, somente 2006, o BC colocou no mercado um suplemento de 1,13 bilhão de moedas de R$ 0,01 a R$ 1. Em 2008, foram mais 60 milhões de unidades. “Em 2009, colocaram outro 1,03 bilhão de moedas nas ruas. Mas não adianta colocar tudo isso, se elas não circulam”, comenta. O custo do BC com a emissão de moedas chega a R$ 180 milhões por ano.
O problema é que muitos consumidores não gostam de receber nem de pagar as contas com moedas. A idéia seria derrubar as barreiras culturais dos que ainda resistem e, sobretudo, mostrar que a circulação das moedas é benéfica para todos, porque gera maior oferta de troco no comércio e o governo gasta menos com a produção de novas moedas. “A população também precisa entender que ajuda muito quando facilita o troco. Ele não deve achar que a moeda vale menos”, destaca Costa.
O trabalho do Setap de conscientização da importância de utilização das moedas no dia-a-dia, no entanto, encontra resistência de muitas pessoas, mas obtém conquistas como o caso da estudante Aline Nahum. Há três anos, ela resolveu comprar um cofrinho de metal para guardar o que recebe de troco. “É uma mania. Não gosto de andar com moedas no bolso. Guardava tudo no cofre”, afirma. Convencida da importância do troco, procurou com o marido o Setap e trocou R$ 720 em moedas por cédulas em papel. "Acho que fiz o meu papel", afirma.
Outro exemplo é um ex-vereador e empresário que prefere não revelar o nome. No final do ano passado, procurou o Setap para trocar mais de R$ 3 mil em moedas por cédulas em papel. “Sei da importância de se fazer circular as moedas”, afirma.
O assessor do Setap explica que qualquer pessoa pode fazer o mesmo. Quem tiver moedas em cofres e quiser ajudar na circulação do dinheiro pode procurar o Setap, no horário das 8h às 16h.
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