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quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Alto Comissário da ONU quer aprovação da Lei do Estrangeiro
António Manuel de Oliveira Guterres, Comissário da Organização das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) foi recebido pelo presidente do Senado, José Sarney, e pelo senador Fernando Collor, que preside a Comissão de Relações Exteriores. Ex-primeiro ministro de Portugal, em seu segundo mandato no organismo da ONU, Guterres está empenhado na aprovação da Lei do Estrangeiro (PL 5655/2009), que tramita na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara Federal.
Argumenta que o Estatuto do Estrangeiro em vigor "reflete uma época em que o perfil da migração era muito diferente do que é hoje, girando em torno de questões focadas na segurança nacional", para ressaltar: "Os refugiados acolhidos pelo governo brasileiro devem ter garantidos os mesmos direitos de um estrangeiro em situação regular no Brasil".
Também faz parte das demandas do ACNUR a adesão do Brasil à Convenção da ONU sobre a Proteção dos Direitos de todos os Trabalhadores Migrantes e Membros de suas Famílias. Em vigor desde 2003, a Convenção tem 31 signatários e 44 Estados Partes, mas o Brasil não integra esta lista.
Para Guterres, a Convenção é fundamental instrumento jurídico internacional para reconhecimento e proteção da dignidade e dos direitos básicos de trabalhadores migrantes. O texto da Convenção será examinado por Comissão Especial do Senado. Se aprovado, terá força de emenda constitucional.
Sarney e Guterres trocaram impressões sobre a atual ordem econômico-social, com análises geopolíticas sobre a condição dos refugiados. O Alto Comissário da ONU revelou que é crescente e preocupante o número de refugiados. "Mês a mês aumenta", diz, citando como exemplo os refugiados saídos do Iraque e do Afeganistão.
Guterres disse que, ao contrário da percepção da maioria das pessoas, o maior número de refugiados no mundo não está na Europa, e sim na África. "Somente na Somália temos algo em torno de 4 milhões deles, outros 500 mil no Quênia e 100 mil na Etiópia", conta, para comparar: "A atual crise vivida pela Líbia levou apenas 2% de refugiados à Europa. A maioria se refugiou na África".
Sarney observou que o Conselho de Segurança da ONU foi constituído numa realidade distante da atual, defendendo a necessidade de reformá-lo. Concordando com Sarney, Guterres avaliou que boa parte das instituições multinacionais mereceria passar por reformas: "São instituições criadas em outro tempo, com estruturas que não são mais representativas".
Guterres e Sarney coincidiram também na avaliação sobre a América do Sul. Segundo o senador, a diplomacia brasileira na região permite assegurar que o sucesso da economia do Brasil não atrairá migrantes: "A prosperidade do Brasil está atrelada ao desenvolvimento de nossos vizinhos. Estamos crescendo juntos", assegurou.
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