sábado, 11 de dezembro de 2010

CASO ALESSANDRO GUERRA ÚLTIMO ACUSADO É CONDENADO A 15 ANOS DE PRISÃO

Depois de 13 anos de espera, o veredito final: às 18:45 horas o réu
José Maria Rodrigues de Souza foi condenado a 15 anos de reclusão em
regime inicialmente fechado, por homicídio duplamente qualificado. O
acusado era suspeito de ser um dos participantes na morte do jovem
Alessandro Barbosa Guerra, filho da atual Vice-Prefeita de Macapá
Helena Guerra.
De acordo com a advogada (assistente de acusação) Dra. Maria Malafaia,
esta foi uma vitória para todos. “Depois de 13 anos lutando por isso,
procurando o réu, a vitória chegou”, conta ela mencionando ainda que
José Maria estava preso desde quando foi recambiado de Manaus para
Macapá e continuará recluso sem o direito de recorrer a liberdade, uma
vez que este estava foragido anteriormente. Já para o Dr. Afonso
Pereira, Promotor de Justiça do Ministério Público “quem ganha com
essas histórias é a sociedade, porque isso serve de lição para outros
que pensam em praticar um crime perfeito. Isso demonstra que não
existe crime perfeito”.
O advogado de defesa, Dr. Maurício Pereira, confirmou que irá
recorrer, pois encontrou nulidade no processo, onde de acordo com ele,
o Promotor utilizou-se de documentos de outro processo que foi unido a
esses autos. “O que tange ao mérito, a defesa demonstrou que não
existe uma única prova válida em desfavor do acusado, a promotoria
pediu a condenação e os jurados, por maioria, o condenou. Vamos
recorrer”.
Muito emocionada, a Vice-Prefeita Helena Guerra disse que foram 13
anos de luta, onde em nenhum momento perdeu as esperanças para o
esclarecimento e a decisão final dos acusados.
Entenda o caso
Depois de o julgamento ter sido cancelado no dia 23 de setembro em
decorrência de um problema familiar por parte do advogado de defesa,
José Maria Rodrigues de Souza sentou no banco dos réus na última
sexta-feira, dia 10 de dezembro. Ele é um dos envolvidos no
assassinato do jovem Alessandro Barbosa Guerra, morto aos 21 anos de
idade, no Distrito de Fazendinha, com vários tiros na cabeça em 1997.
A vítima era filho da atual Vice-Prefeita de Macapá, Helena Guerra.
De acordo com a advogada da assistente de acusação Dra. Maria
Malafaia, o advogado do réu Dr. Maurício Pereira entrou com pedido de
desaforamento junto ao Tribunal de Justiça do Amapá que objetivava a
retirada do processo da Comarca de Macapá para outra do Estado do
Amapá. O pedido, julgado no dia 23 de setembro, foi indeferido por
unanimidade e o processo continuou na Comarca da capital.
Julgamento
Os irmãos Mauro Sérgio (condenado a 14 anos de reclusão, mas
encontra-se foragido desde 2000) e Eduardo (recambiado de Manaus para
Macapá no ano passado e já cumprindo sua pena de 18 anos de reclusão)
foram julgados e condenados em regime fechado. Raimundo Maciel
Fagundes, policial militar, cometeu suicídio em 1997.
O caso Alessandro Guerra


No mês de fevereiro de 1997, o jovem de 21 anos Alessandro Barbosa
Guerra, foi morto brutalmente a tiros por quatro pessoas, entre elas
os ‘irmãos Rodrigues’, em uma localidade no Distrito de Fazendinha. Na
época, este crime chocou a sociedade macapaense pela forma de como foi
praticado. Apesar do passar dos anos, o fato não saiu dos principais
noticiários de Macapá, onde durante as investigações a polícia ainda
prendeu vários suspeitos, mas não concluía o inquérito para
indiciá-los.
Os acusados
Dias depois do crime, durante uma barreira rotineira de trânsito, a
polícia apreendeu o veículo de Mauro Sérgio Rodrigues de Souza em
decorrência de irregularidades quanto à documentação do carro em que
este trafegava. Após o acontecimento e através de uma denúncia
anônima, os investigadores do caso descobriram e se depararam com uma
importante pista: o carro poderia estar envolvido no crime e ainda
levaria a prisão dos outros acusados (José Maria Rodrigues de Souza,
Eduardo Rodrigues de Souza e o policial militar Raimundo Fagundes que
se suicidou de maneira misteriosa após matar sua namorada). Tudo isso
por conta de algumas peças do carro de Alessandro Guerra que haviam
sido roubadas, encontradas dentro do veículo apreendido e que já
estava nas dependências do Departamento de Trânsito do Amapá.
O tempo passou e diante de nenhum esclarecimento sobre o caso, Helena
(mãe da vítima) resolveu tomar a frente das investigações: contratou
uma equipe e junto com a polícia militar saíram em busca dos
criminosos. “Resolvi entrar nas investigações com uma equipe de
detetives e sair atrás daqueles que ceifaram a vida do meu filho”,
conta Helena Guerra.
Solução
A prisão dos criminosos foi uma ação conjunta do Departamento de
Repressão ao Crime Organizado da Polícia Civil do Amazonas e o Núcleo
de Operação de Inteligência da Polícia Civil do Amapá. Os irmãos Mauro
Sérgio e Eduardo foram julgados e condenados em regime fechado.
Raimundo Maciel Fagundes, policial militar, cometeu suicídio em 1997.
Mauro Sérgio Rodrigues de Souza conseguiu fugir no ano de 2000, por
volta das 18 horas de sua residência no bairro Jardim Felicidade II
quando fora visitar um parente que estaria doente. Na época, o Setor
de Vigilância e Disciplina do Instituto de Administração Penitenciária
do Amapá afirmou que o detento aproveitou que o guarda ficou do lado
de fora da casa e fugiu pelos fundos. Até por essa data encontrava-se
foragido.
Eduardo Rodrigues de Souza estava preso no quartel da polícia militar
de onde evadiu-se em 2000, mas foi recambiado no ano passado de Manaus
para Macapá onde já cumpre sua pena. Já José Maria Rodrigues de Souza
estava preso, foi julgado no dia 10 de dezembro de 2010 e condenado a
15 anos de reclusão em regime fechado.
Associação Grupo das Lágrimas
Com a morte de Alessandro Barbosa Guerra e mergulhada em profunda dor,
a mãe Helena Guerra, criou em 03 de março de 1997 a Associação Grupo
das Lágrimas. Ela recebia solidariedade de outras mães que viviam a
mesma experiência, onde a partir desses encontros surgiu a necessidade
de fundar um movimento para colaborar com os trabalhos policiais e
judiciais dessas famílias.
A entidade tem como principal objetivo ajudar na elucidação de crimes,
principalmente os que apresentam maior dificuldade nas investigações,
além de funcionar também como um centro de assistência às famílias que
perderam seus entes queridos.
O Grupo das Lágrimas oferece atendimento psicológico às mães que
perderam familiares de forma violenta, cursos de qualificação
profissional para jovens e adultos, aulas de reforço escolar,
consultas médicas e odontológicas.

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