quinta-feira, 26 de março de 2009

ABORTO: A Fronteira entre a VIDA E A MORTE

Por: Claudionor Santos

Muitas mulheres se arriscam fazendo abortos, através de medicamentos, chás naturais, simpatias e consultar clínicas clandestinas. Afinal de quem é a culpa? Elas são vítimas do Estado? Da religião? Da moral ou da família?

Se publicarmos todas as mulheres que se submetem os abortos clandestinos em todo o Brasil e principalmente no Amapá todos os anos, daria para povoar uma outra cidade. As mulheres que optar por interromper uma gestação não desejada, corre o risco de morte. Antes de ser uma questão moral, o aborto no País é um desafio para a saúde pública.
Isto é uma realidade cruel e amarga, que pode atingir todas as mulheres em idade fértil, e ainda pior para a classe mais pobre. No caso de uma atividade hoje ilegal, como o aborto proibido pela religião, constituição brasileira e pela área de enfermagem, a desigualdade social pode significar o limite entre a vida e a morte.
Quem pode paga para uma equipe médica competente interromper a gestação sem correr risco? E quem não pode? Tem como opção arriscar a vida tentando interromper a gravidez ao tomar chás e remédios suspeitos ou, pior ainda, procurando clínicas clandestinas precárias, que cobram pouco ou muitas chegam cobrar um valor absurdo e que estão cheias de pessoas despreparadas.
“Já realizei quatro abortos, isto foi por que eu ainda não tive condições de ter uma família com filhos, meu namorado tem somente 17 anos e não somos orientados para planejar uma gestação correta. Nos dois somos desempregados e minha família descobrir que estou grávida de algum filho do meu namorado, vai me botar fora de casa, e isso eu tenho medo, tanto das duas famílias não aceitar a minha gestação. Tenho a maior vontade de ter um filho, principalmente da pessoa que mais eu amo, mas infelizmente ainda não posso”, triste comentou a menor M. S. S, do bairro dos Congos.
A média é de 2,07 de abortos induzidos por grupo de 100 mulheres o que eleva a prática à terceira causa de mortalidade materna em todo o país. As complicações são ainda maiores e se tornar o quinto maior motivo pelo quais as mulheres são internadas nos serviços públicos.
“As mulheres que provocam abortos são da maioria da classe média e muitas são pobres e sem uma orientação adequada para iniciar uma gravidez. Antigamente não tinha como evitar uma gestação desejada mais hoje tem muitas opções e o mais barato e adequado é o uso dos preservativos, anticoncepcionais, e ainda quem tem condições financeiras pode ate introduzir outros meios como o Diu. Nos posto de saúde são realizados palestras e orientação médica acompanhados de um psicólogo, para que a mãe possa ter maior segurança em sua gravidez”, explicou Mario Ribeiro, Enfermeiro.
No Congresso Nacional, as propostas de mudanças na lei estão emperradas, com políticos temerosos em perder votos à discussão sobre o tema. Enquanto isso. Muitas mulheres, em média, têm como o destino, todos os dias, a internação na rede pública de saúde em decorrência de abortos realizados por vários meios.
“Os abortos provocados são aqueles mais graves e de maiores riscos para a saúde da mulher, e são causados por injetar ou tomar chá de buchinha, alho, cyntotec e o mais atual, é a corda de macarrão colocado em uma agulha de crochê, onde a mulher introduz o material na vagina chagando até o útero, tendo como objetivo de fura e provocar o sangramento. Este procedimento se torna arriscado, a vitima pode ter uma infecção generalizada, com a retirada do útero e provocando infecção ao outros órgãos, chegando ao óbito. Já o aborto espontâneo não é utilizado métodos, o organismo expulsa o ambrião e não é compatível com a vida. A maior parte dos abortos ocorre quando os cromossomos do espermatozóide encontram com os cromossomos do óvulo. Muitas das vezes o bebê (também chamado de feto) não se desenvolve por completo, ou desenvolver-se de maneira anormal. Em casos como estes, o aborto é a maneira que o corpo termina e a gravidez que não está se desenvolvendo normalmente. Os abortos se dividem em incompletos, neste, apenas parte do ovo foi expulso continuando as cólicas e a hemorragia e o aborto completo: aqui, após cólicas e sangramentos acentuados elimina-se todo o produto da concepção” explicou Ronaldo Sanches, Enfermeiro Obstétrico do Hospital da Mulher.
Os tratamentos médicos são feitos com ultra-sonografia, medidas de apoios psicológicos (em casos da perda do feto), tranqüilizarem o paciente, repouso ao leito, evitando excessos de movimentos e administração de medicamentos.
“Mulheres que passam por um aborto, legalizado ou não, precisam de acompanhamento psicológico. Estudo já feito, aponta que as reações psicológicas derivados da interrupção de gravidez ocorrem tardiamente. Este padrão faz com que seja difícil delimitar, avaliar e caracterizar o problema. As reações observadas em algumas mulheres podem ser comparadas à desordem ansiosa pós-traumática ou reprimem a experiência, os desajustes podem incluir notáveis descontrole emocional quando está próxima a criança, medo de médicos ou incapacidade de tolerar um exame ginecológico rotineiro”, disse o Wladimir Peres, psicólogo.
A pressão de colocar uma vida no mundo levar a maioria das mulheres a pensar vários motivos psicológico, uns deles é segurar a pessoa que tanto ama, e a outra e o medo de ser julgado pela família, amigos e visinhos. Por isso o correto é ter a relação com o preservativo, evitando assim uma gravidez indesejada e evitando doenças transmissíveis.
Fica bem claro que as pacientes que dão entrada para o atendimento de casos de abortos já provocados antes mesmo de chegar ao Hospital da Mulher, mais conhecido como “Mãe Luzia”, é de 5 por dia, 136 por mês e ultrapassar os mil casos por ano. Somente os dois primeiros meses do ano já foram registrados 230 casos.

ÍNDICE DE CUIDADOS DE TRATAMENTOS APÓS OS ABORTOS QUE SÃO REGISTRADOS PELO HOSPITAL DA MULHER

ANO TRATAMENTOS
2004 1,330
2005 1,495
2006 1,495
2007 1,560
2008 2,634
FONTE: SEME do Hospital da Mulher - Ap

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