Por: Eduardo Neco/Redação Portal IMPRENSA
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) afirmou, nesta sexta-feira (17), ser vítima de campanha da imprensa, nas sucessivas denúncias de favorecimentos a familiares e amigos nos atos secretos. No discurso, o último antes do recesso parlamentar, o político endereçou a crítica ao jornal O Estado de S.Paulo, veículo que estaria realizando ação pessoal contra suas ações na Casa.
"Não sou movido nesse momento por sentimento menor, tendo a plena convicção de que agi dentro do melhor interesse do Senado Federal, que jamais pratiquei qualquer ato que não se amparasse completamente no meu sentimento da ética e da lei. O jornal O Estado de S.Paulo iniciou uma campanha pessoal contra mim, obrigando os outros jornais a repercutirem", disse Sarney.
No discurso, o senador disse ainda que, nas três vezes em que exerceu a posição de presidente da Casa, conseguiu reerguer a instituição. "Os desafios, a carga de trabalho, os insultos, as ameaças não me amedrontam. Estamos construindo, tenho certeza, um novo Senado", concluiu.
Em entrevista ao Portal IMPRENSA, o diretor da Sucursal de Brasília do Estadão, João Bosco Rabello, afirmou que o diário "em momento algum perseguiu o senador José Sarney". Rabello salientou que o argumento usado pelo presidente do Senado "é recorrente e a maioria dos políticos o usa para se defender".
Ele explicou que a crise no Senado se iniciou com a eleição de Sarney para presidente, o que teria causado um "racha" na Casa. Então, as denúncias já comentadas nos corredores do Senado se materializaram quando provas das irregularidades apareceram por conta da contrariedade causada pela vitória de Sarney.
Rabello esclareceu que, conforme os casos tornaram-se mais frequentes, a relação entre Sarney e o ex-diretor do Senado, Agaciel Maia, mostrou-se evidente e, dada à notoriedade da figura do presidente da Casa, seu nome se converteu, "de forma natural", ao foco dos escândalos.
Na avaliação de Bosco, a "política brasileira ainda é exercida de forma paroquial", o que justificaria casos de nepotismo entre os atos secretos, mesmo que a legislação proíba tal conduta. Ele pontuou que "este modo de fazer política, misturando interesses públicos com pessoais, não cabe mais no país". "São políticos que perderam o timing do momento e o mundo mudou. Eles não se deram conta disso", comentou Rabello.
Questionado sobre uma possível resposta do jornal ao presidente do Senado, Rabello afirmou que ela virá na forma de "cobertura jornalística". "Hoje, nós vamos pegar o discurso do Sarney sobre o balanço das atividades do primeiro semestre e vamos averiguar o que foi feito realmente", além de informar sobre a trajetória da Casa "durante esse período".
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